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21 maio 2006


SUICÍDIO
(Rose Amaral)


Decidir morrer é uma coisa séria. E, decididamente, não é todo mundo que tem um motivo tão forte e importante que o faça entregar a vida por tal causa. A maioria das pessoas não tem uma causa pela qual decida morrer.

As pessoas simplesmente vivem suas vidas, suas dores, suas frustrações, suas perdas até que ganham mais vida, mais força, mais experiência.

Mas, para quem quer morrer essa conversa é tola e desnecessária. Necessário, então, já que o indivíduo decidiu partir dessa para uma pior, é fazê-lo bem feito.

Embora seja muito difícil que um suicida pense no bem estar dos outros, pelo menos quanto à “sua” maior decisão, deveria tratá-la com carinho e inteireza; e não deixar para quem fica, uma série de providências que poderiam ser realizadas pelo próprio interessado.

Ao decidir morrer deveria, ao menos, providenciar a compra do caixão e utilizar-se de métodos auto-exterminantes que não dêem trabalho de limpeza. Ficar limpando a meleca de sangue para todo lado ou juntar miolos ensangüentados pelo chão, é desagradável. Principalmente, se for o chão da sala de visita e o velório for na própria casa; isso demanda urgência na faxina. É tão chato quanto ter quer sair de casa para reconhecer um corpo esborrachado no passeio sob um prédio alto, com a fuça toda deformada ou achatada no chão; coisa feia e muito desagradável.

Seria interessante o suicida escolher e vestir a roupa que vai ser enterrado, posicionando-se adequadamente dentro do caixão. Que o feche ele mesmo e aguarde com calma e deleite o momento tão esperado; afinal, não é o que tanto quer? Também já poderia deixar marcados e pagos o velório e a missa de sétimo dia, caso queira.
Tudo isso facilita muito a vida dos mais chegados e gera um clima de agradecida simpatia nos convidados.
É muito ruim, apesar de cômodo, que uma pessoa saiba que vai para outro lugar e deixe tudo bagunçado para outros arrumarem; dá uma impressão negativa de egoísmo.

Se não foram dignos da vida, que sejam dignos da morte que escolheram.

Se a vida não conseguiu lhes dar o que queriam, quando, como e onde queriam, por que não tratar bem a morte, que lhes dará o que tanto desejam?... O alívio de seu sofrimento!

Por que falo de suicídio? Porque esse é um assunto interessante. Existem algumas causas de suicídio que eu realmente respeito. A exemplo: aquele que é cometido de acordo com a crença ou convicção religiosa ou cultural do indivíduo. A outra é o resultado de uma terrível desordem bioquímica no cérebro do indivíduo que o deixa realmente incapaz de saber o que está fazendo, devido à impossibilidade ou deficiência neurotransmissora; caso raro...

Por outro lado, tenho notícias e experiência de indivíduos que não suportaram seu sofrimento e tentaram buscar alívio na morte. Se conseguiram ou não ter paz e alívio do sofrimento, nunca soube porque os que se foram não voltaram para dizer o que existe do lado de lá; os que ficaram acham que foram ridículos, que não se gostavam e que sofriam demais porque a vida não era como eles queriam.

Uma frase bastante repetida por esses candidatos à morte é: - “Eu não aceito isto, não aceito aquilo, não aceito...”. Ora, a vida não pergunta a ninguém se aceita ou não o que ela dá. Não pede permissão para aquilo que deve acontecer. As coisas acontecem por algum motivo e, muitas vezes, esses motivos são provocados pelos próprios sofredores.

Esses inconformados são também muito comodistas, não ousam mudar a situação ou a si mesmos. São grandes autoritários que não conseguem ser melhores do que exigem que os outros sejam. Sofrem muito, por vezes, não suportam estar consigo mesmos; tentam se matar e tentam levar os outros em suas próprias teias e infernos.
Muitos insinuam que mudar a eles mesmos e não os outros é impossível, preferível morrer!

E, assim, são dignos da própria arma que usam: a dó. Vampiros energéticos e tentadores do controle alheio sentam-se na poltrona da dominação. A – DÓ – MINA – A - AÇÃO: é assim que querem paralisar aqueles que escolhem ser livres e felizes fora de seus territórios afetivos ou de interesse exclusivo.

Não os considero pequenos, considero-os grandes antipáticos, grandes mesquinhos que passam a atormentar os outros com seus tormentos. Desejam ser amados, emburrados como são; mas não amam os outros como os outros são. Querem, desejam, exigem sem fazer qualquer movimento produtivo.

Cazuza fez uma música chamada Blues da Piedade, bastante apropriada:
“Agora eu vou cantar pros miseráveis que vagam pelo mundo derrotados...
querendo sempre aquilo que não têm.
Vamos pedir piedade pra essa gente careta...
que estão no mundo e perderam a viagem...
pra quem fica esperando alguém que caiba nos seus sonhos...
como insetos em volta da lâmpada.
Somos iguais em desgraça...
(Vamos pedir piedade)
pra quem vê a luz e não ilumina suas mini-certezas...
e não muda quando é lua cheia...”.


Nem quando a lua é cheia, nem quando o sol brilha, nem quando o pôr-do-sol é deslumbrante. Aliás, não conseguem realmente ver nada, a não ser suas próprias satisfações, interesses, incômodos, frustrações, decepções, desilusões.

Agarrados à dor, fazem amor com ela e pactos diabólicos com o sofrimento. Pobres diabos, mesmo; que se sentirão muito bem na companhia dos grandes demônios que tanto os excita, e de quem cuidarão por tanto tempo quanto foi o da tentação de se matar (não se preocupem, suicidas, isso foi apenas uma metáfora, nada importante...).

Por fim, acho incrível essa idéia que os suicidas têm de que se matando asseguram o fim do sofrimento e garantem a paz que tanto desejam (de onde será que saiu isso?). Incrível que pensem que seus fantasmas ficarão na lembrança de outros por muito tempo (mais depressa do que imaginam serão esquecidos, felizmente).

Incríveis suas idéias de que cometendo suicídio vingarão os outros pelo fato de não terem recebido aquilo que eles mesmos não conseguiram dar a si mesmos.

Mas, de tudo, o mais importante é lembrar as sugestões aqui feitas para aqueles que querem morrer. Tudo bem que morram, que curtam essa antipatia, mas, por favor, que também tentassem facilitar a vida das pessoas que querem e gostam de viver.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tira essa merda, esse lixo da busca. Dá nojo ver alguém fazendo o superior papelzinho sadico de entendido da vida.

Vou denunciar essa porra como induzimento ao suicídio. Se alguem passa por um momento dificil, o psicopata que vomitou esse lixo, joga a pá de cal.

Masturbação genital costuma ajudar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!