EMPECILHO
Papai I, o outro
(Alexandre Campinas)
“...lá vem a Chaleira
lá do Alto da Poeira...”
lá do Alto da Poeira...”
(Tavinho
Moura e Fernando Brant)
Ele voltava.
Você joga fora e ele volta. Desgastante. Livrar-se, impossível. Coisa desusada,
melhor não aparecer, melhor que todos pudessem esquecer. Não sei quantas vezes
eu matei. Matei como barata: sem coroas, nem piedade. Veja só... Era para ter ?
Piedade ? Ora...
Tá. Tudo
bem, tem a história da importância, do exemplo, da dedicação, do amor, das
lembranças de uma convivência que foi feliz. Tem. Isso tem; mas acabou. Fim. Já
deu. Em que mundo estamos ? Os tempos são outros. Faço bem, bem o sei. Não fizesse,
outro faria. Faz-se e pronto. De resto, fica aí... Nos registros. A gente
folheia e vê de vez em nunca.
Eu jogava e
voltava com o dobro de blablablá. Parece até que se recarregava na minha
repulsão. Coisa insistente. Irritante. Parecia placa de encruzilhada, sabe ? Sempre
indicando: Cudeburgo 20 Km; Bostolândia
50 Km; Melecópolis 60 Km; Borrachópolis 30 Km.
Daí que
prometi para mim mesmo que, desta vez, seria diferente. Não adiantavam as
formas tradicionais. O caminhão de lixo já nem pegava mais, deixava assim, no
meio-fio. E eu ainda por cima, poderia tomar uma bruta multa municipal. Tem que
ter alguma tecnologia.
Piquei e
pus, aos poucos, no liquidificador. Pronto. Virou purê. Deu trabalho, como
sempre. Demorei muito; perdi o dia. Agora, a massa informe. Nunca mais aquela
conversa fiada. Para garantir, enterrei no alto da cidade, pertinho do
Cruzeiro. Assim, ficava com Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Nunca mais fui lá. Passaram anos. Outro dia, vendo as fotos da turma do meu filho perto do monte, reparei. Ali. Bem ali, atrás dele, do meu filho. Tá brotando.
Desgraça !
Papai brotou.