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21 maio 2006


COMO CAÇADA PANTANEIRA
(Alexandre Campinas)
Estávamos todos ali. Uns sete ou oito iguais a mim em ambiente tão inóspito para nós, desadaptados bípedes, mamíferos terrestres. Flutuávamos em emoção, desajeitados no infinito manancial das possibilidades que ali estavam. À nossa escolha.

O duro era isto. A opção era a nossa maior inimiga, tínhamos que bem escolher a caça para não desaguarmos em nada. Em vergonha. Sem troféu que exibir, ou pior: prostados no solo, arranhados no ego, esmagados pela dor acachapante da falha.

Escolher qual ? Que presa seria a melhor, a mais meritória, a mais vistosa ? Esquerda, direita, boiávamos sem tino nem destino naquela situação. Em qual buscaríamos, acharíamos a gloriosa certeza de um desfecho perfeito ?

Mergulhei naquele ambiente. Estava bem fundo, de olhos abertos, assustados, temerosos olhos, diante da imensa responsabilidade de não falhar naquela primeira incursão no desconhecido. Súbita falta de ar rompeu a lógica do raciocínio e trouxe-me à tona de meus pensamentos: novamente. Não deixaria passar novamente a presa, não passaria nem uma mais, qualquer uma. Nada mais escaparia impune a minha frente.

E foi assim que a fera veio subindo, subindo, enchendo-se, agigantando-se, desafiando-me. Quase me alcançando, fiz a força de meus bíceps trabalharem, tomei-a para mim. Cavalguei socando esporas. Estirei os braços a frente do rosto, pernas hirtas e, com inteligência, usei sua própria força para subjugá-la.

Pronto. Estava feito. Que me importava o inevitável caixote no qual imediatamente em seguida meteria-me, que me importava o salgado areal na boca, ouvidos e narinas ? Peguei. Eu peguei !

Foi assim que aconteceu quando levantei, arranhado e orgulhoso, na arrebentação, de plena posse do meu primeiro jacaré em Copacabana.


“Existem praias tão lindas, cheias de luz. Nenhuma tem o encanto que tu possúis ...”

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