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03 janeiro 2008

PARA PENSAR EM 2008:
JUSTIÇA SOCIAL,

PORQUE NADA MUDOU

O operário em construção
Vinícius de Moraes



"(...)Sentindo que a violência
Não dobraria o operário

Um dia tentou o patrão

Dobra-lo de modo contrário

De sorte que o foi levando

Ao alto da construção

E num momento de tempo

Mostrou-lhe toda a região

E apontando-a ao operário

Fez-lhe esta declaração:

- Dar-te-ei todo esse poder

E a sua satisfação

Porque a mim me foi entregue

E dou-o a quem quiser.
Dou-te tempo de lazer

Dou-te tempo de mulher.

Portanto, tudo o que vês

Será teu se me adorares

E, ainda mais, se abandonares

O que te faz dizer não.

Disse e fitou o operário

Que olhava e refletia

Mas o que via o operário

O patrão nunca veria

O operário via casas

E dentro das estruturas
Via coisas, objetos

Produtos, manufaturas.

Via tudo o que fazia

O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via

Misteriosamente havia

A marca de sua mão.
E o operario disse: Não!

- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?

- Mentira! - disse o operário
Nao podes dar-me o que já meu(...)"



Veja e ouça aqui a versão cantada, por Taiguara.
E aqui, a obra na íntegra.
Ou, aqui, uma música correlata de Zé Geraldo: Cidadão.

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