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25 outubro 2009

Um comentário legal

(do Tuba-Boy*)


Tuba-Boy, aliás Filipe Jardim, é escritor,
mestrando em Engenharia de Women Observer,
técnico em Remote Controlling.

Graduado em Alcohol Practitioner,
ele faz surfe de tubarão na pororoca
do estuário do Massangana,
no Suape.


Ontem, sexta-feira, cheguei em casa bêbado. E neste estado, abro a caixa de correio e vejo lá dentro um envelopinho cor de terra. Investigo, lá meu nome gmailco “Fillipe Vilar Jardim”. No remetente está o nome do camarada, Alexandre Campinas. Senti o volume do envelope. Um livro, com certeza. Bêbado quando ganha presente: subi as escadas sorrindo. E o sorriso não me deixou.

Sinal para o que me esperava? De fato, li o prefácio do Kinho Vaz, li os versos da contracapa. Ah, e a dedicatória, muito honrado este desgraçado aqui ficou. Amanhã eu teria uma boa leitura, pelo menos parecia. O título era interessante: Toalhas Vermelhas.

Acordei renovado, muita água, daria aula à tarde. Antes do almoço, os primeiros contos: “Estes Maravilhosos Porcos Imperialistas Ou De como Jean-Marie Recuperou a Honra” e “Estrela Cadente”. Nas primeiras linhas, volta-me o sorriso. O primeiro é recheado de ironia, a pergunta do “e se realmente fosse assim?” respondida com um humor que, para mim, já supunha inevitável pelo que cyber-conheço do camarada Campinas. O final é engraçadíssimo. O segundo é o retrato de um cara que realmente se ferra na vida por causa de uns negócios filhos da puta. Já conhecia este da internet. O trecho de My Way no fim cai como uma luva.

Almoço, saio. No ônibus, mais alguns contos: “Impressões De Sexta-Feira”, fantasmagoricamente engraçado e surpreendente; e o meu preferido, “Lógica. Fantasia Sobre Velha Piada. Feliz Ano Novo Pra Você Também, Rubem Fonseca”, ironia com os vermelhinhos febris dos anos 70 e o seu futuro, com as ilusões perdidas dos ângulos de duas gerações; Depois, “A Esfinge de Cydônia”, uma estorinha muito singela sobre uma puta chamada Copa e “Fantasia das Podridões Humanas”, um homem e a situação de ser observado em suas intimidades por um tarado peixe japonês. Minha parada, desço do ônibus.

Chego na casa do garoto. Doente, não assistiria aula hoje. Viagens perdidas me deixam puto.

Dirijo-me à parada. Um mendigo e uma coroa muito simpática – falo de dotes físicos também. Ela puxa conversa (medo do pobre mendigo), “ainda bem que você chegou”, “eu?”, respondo e sorrio. Papeamos um tempo. Íamos para lados diferentes da cidade, uma pena.

Dou aulas no bairro do Rosarinho, nobilíssimo. Não conheço quase nada daquelas bandas. Resolvo ir à Universidade, onde amigos estão dando uma festinha para a qual eu tinha sido convidado, mas não podia comparecer por causa da aula. Agora eu podia. O ônibus que pego faz um arrodeio desgraçado. Tempo para ler mais contos.

Dessa vez o que dá nome ao livro: “Toalhas Vermelhas”, uma estória muito interessante sobre adolescência, com um final hilariante. Depois “Tarde Demais Para Mim”, outro conto de humor cortante, literalmente. Olho um pouco a paisagem. Penso “ainda em Casa Forte, puta que pariu”, volto à leitura. “Um Sapo-Banana Para Mário”, uma estória de pescador e “O Pardo e o Parvo”, sobre as lembranças de um executivo voraz que veio de muito baixo. Chego ao meu destino. Ainda o sorriso nos lábios.

Uma tarde agradável com amigos que eu não via há muito tempo. Ri bastante.

Voltei pra casa com alguns colegas, conversando no ônibus.

Tomei um banho, contei como tinha sido o meu dia para os meus pais, manter a rotina. O último conto: “Sr. Obnóxio, o Livro”, este realmente excelente, um conto de fantasia com aquele bom humor que esteve presente durante toda a leitura. Na última página, alguns versos de Ferreira Gullar.

Fechei o livro. O meu dia não foi lá essas coisas, mas eu senti isso? Foi como se tivesse sentado num bar e tomado umas cervejas com o camarada Campinas contando todas essas estórias. Satisfeito, guardo o livro junto de meus outros volumes, na cabeceira da cama. Qualquer emergência ele estará lá, para uma nova leitura.

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