(Alexandre Campinas)
I
Executiva elegante, 52 anos, marido cardiologista: ricos amigos, corpos separados. Um tédio. Deixa o escritório para fazer algo diferente.
O motorista, sedução, motel. Ela o come. Pelo room-service pede bicarbonato. Arrôto. Diz: "homens..."
II
Moça no ônibus, incomodada com uma meleca grudada na parte mais funda da narina esquerda. Coça. Ônibus lotado, calor. ”Saco... mais uns 40 minutos, se não engarrafar”. O gordo sentado ao lado a espreme, sufoca.
A mão dele sobre roliças coxas jeans escorregam em direção às dela. O dedo mindinho dele roça de leve, esperando, testando. “Inconveniente, abusado, chato, porre, nojo...” Nojo ? Meleca. Enfia o dedo, tira, vem melada, geléia esticada, comprida. Segura a mão do gordo, aperta, cola. Levanta. Campainha. Desce.
III
Repentino temporal atrapalha a tarde adorável em Paris. Corre para o hotel, chega pingando. Elevador. A ascensorista cutuca a orelha. Repara: unhas francesas.
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