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13 fevereiro 2009

Crônica do Brant no Estado de Minas, 11/2/09


Vidas de Passarinhos


"Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho".
(Mário Quintana)


Cristiano Quintino, olhar fotográfico, percebeu que seu canarinho estava diferente. Descera do poleiro e não mostrava ter forças para retornar às alturas, o pescoço em posição estranha. O que estaria acontecendo, era o fim do ciclo de vida dele ? Cuidadosamente, desceu com a água e a comida para o andar térreo da gaiola. Quantos anos humanos vive esse tipo de pássaro ? Mais tarde, era hora de trabalhar em seu ofício, pesquisaria na internet para saber.


O ontem se foi e ele acordou na manhã ávido de notícias. O canário rosa e alaranjado parecia mais bem disposto. Pela manhã conseguira subir à cobertura, mas, à tarde, a fragilidade do dia anterior voltara. Comida e água voltaram para o rés do chão. Nas fotografias que Cristiano fez, naquele momento, ficou claro que a ave tinha o corpo enrugado, gasto e envelhecido.

O tempo de despedida está se aproximando. Mas, para que isso não ocorra, o homem das lentes se dirigiu ao amigo conclamando-o a viver mais um pouquinho. E falou com o amor e o carinho que existe entre um homem sensível e qualquer ser vivo e companheiro. Diálogo dos que se querem.

Na mesma manhã, no mesmo dia, em outro endereço, no jardim da casa de minha mãe, um filhote de passarinho caiu do ninho. Minha irmã, ao vê-lo, levou-o para a varanda, temerosa de que ele fosse destruído pela cadela. Querendo alimentá-lo, providencia alpiste para ele, que não tem idade para comê-lo.

Eis que começa a chover. Ana resolve levá-lo para o quintal, 30 metros abaixo de onde ele foi encontrado. É bom dizer que, entre o jardim, em frente à rua, e o quintal, lá no fundo do lote, existe a casa em que a família Rocha Brant se criou e cresceu. Nova tentativa com o alpiste, e nada.

Passado um tempo, a alegria do milagre. Os pais do filhote o encontram, lá naquele espaço longínguo em que ele está. Voam em torno dele e se aproximam. E buscam na redondeza os pequenos pedaços de vida, fiapos que trazem no bico e lhe dão. Pais e mães acham os filhos onde eles estiverem ?

O amor tem radar. E o desespero da procura do filhote desaparecido agora se transforma no tudo fazer para a sua sobrevivência. O canarinho do Cristiano vive seus últimos dias. E o filhote que a Aninha descobriu no jardim de nossa casa, e que os pais reencontraram, é uma pequena história para comover e ensinar aos homens e mulheres de todos os tempos. Vida vai, vida vem.

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